BARTOLOMEU SANTOS

Bartolomeu Santos (Lisbon, 1992) lives and works in Lisbon. He combines his artistic practice with the OSTRA curatorial project. The studio, as a space for work, thought, and experimentation is a chaotic universe of relationships between things. He introduces the image of the “forest” as a metaphor for this process and how the various elements relate to each other.


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Your work currently branches out and materializes in various ways. How do you define this heterogeneity? This week while I was in the studio, I reflected on how essential it is for multiple species to coexist in the forest. Translating this into my practice, I can say that works or ideas for works are born from each other. Even when I think I'm about to start a 'new' work, I realize that it is inherently connected to others, much like in a forest.

How would you characterize your work process? If I had to choose a word I would say ‘’chaotic’’. As we already know each other, I will expand on this: I try not to control everything, as I realize that I have to leave a void of possibilities. I do not deserve to feel the tunnel closing. Do you understand what I am saying? Perhaps because I realized the importance of not controlling everything, I spoke about the forest. It is an entity that contains several agents, each following their path, yet all are part of the whole. Being part of the whole, I would like to discuss my OSTRA project. It is a space that opened in 2022 to showcase artists/curators whose work I admire. I enjoy collaborating with other artists, curators, and thinkers. Participate in the creation of a mega-forest. So, answering the question, after looking around other places: my work process is chaotic. I immerse myself in learning through reading, writing, and extensively exploring galleries, museums, studios, and other spaces. I often work in the studio accompanied by music.

In many of your works, there is a tension in the boundaries between painting and sculpture. How do they talk to each other?  At the beginning of each work, I try to have a dialogue. Which exists naturally, as the works are intrinsically linked, as I mentioned. I understand that you have this doubt, as it was one of the most uncomfortable questions I had in my head at the beginning of this journey as an artist. I would say that the main problem lies in the semantics or cataloging of works. Many people feel the need to compartmentalize things. I strive to avoid being put into categories, while still acknowledging their existence because there is something special about their origin. I persist in constructing this dialogue.

Matter and the way you dematerialize it are essential elements in your work. What personal and symbolic significance do you bring to this process? As you know, I prioritize privacy, and therefore, what I bring personally is naturally encrypted in my work—it is inevitable. From a symbolic point of view, with less personal weight, I also suffer from the same heterogeneity that you mentioned in the first question. I closely evaluate themes that have always been important to me, such as mythology, history, art history, architecture, and questions of physics and philosophy - particularly language and ontology. All of this is an outline that accompanies me to many of the exhibitions I visit in various locations. These are some of the elements that consciously accompany me.

Finally, what are you currently working on? What can we expect soon? I am currently preparing an exhibition for Galeria FOCO in Lisbon, scheduled for September 2024. This exhibition will revisit Emotional Derbies, a previous event held at PLATO in December 2023. In November 2024, I will open another exhibition at Espaço Cultural das Mercês in Lisbon.

PT

Bartolomeu Santos (Lisboa, 1992) vive e trabalha em Lisboa. Alia a sua prática artística ao projeto curatorial da OSTRA. O atelier, enquanto espaço de trabalho, de pensamento e de experimentação, configura-se como um universo caótico de relações entre coisas. O próprio introduz a imagem da “floresta” como uma metáfora deste processo e da a forma como os vários elementos se relacionam entre si.


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O teu trabalho actualmente ramifica-se e materializa-se de várias formas. Como defines esta heterogeneidade? Esta semana estava no atelier e (lembrei-me) pensei como é importante existirem várias espécies a coabitar na floresta. Transpondo isso para a minha prática, consigo dizer que as obras ou as ideias de obras nascem umas das outras. Mesmo quando acho que vou fazer um trabalho ‘novo’, vejo que está intrinsecamente ligado a outros… como nas florestas.

Como caracterizas o teu processo de trabalho? Se tiver de escolher uma palavra diria ‘’caótico’’. Como já nos conhecemos, vou-me alongar: procuro não controlar tudo, pois percebi que tenho de deixar um vazio de possibilidades. Indigno-me de sentir o túnel a fechar. Percebes o que digo? Talvez por perceber a importância de não controlar tudo, falei da floresta. É uma entidade que tem vários agentes dentro de si, que seguem o seu caminho, mas que fazem parte de um todo. Também fazendo parte do todo que eu sou, queria falar no meu projecto OSTRA. É um espaço que inaugurou em 2022 para apresentar artistas/curadores cujo trabalho admiro. Agrada-me colaborar com outros artistas, curadores, pensadores. Participar na criação de uma mega-floresta. Portanto, respondendo à pergunta, depois de dar voltas a outros lugares: o meu processo de trabalho é caótico. Documento-me lendo, escrevendo, frequentando galerias, museus, ateliers e outros espaços, às vezes de uma forma exaustiva. No atelier trabalho, muitas vezes acompanhado por música.

Em muitas das tuas obras existe uma tensão nos limites entre pintura e escultura. De que forma dialogam entre si?  No início de cada trabalho procuro que haja um diálogo. Que existe de uma maneira natural, pois os trabalhos estão intrinsecamente ligados, como referi. Percebo que tenhas essa dúvida, pois era uma das perguntas mais incómodas que tinha na cabeça no princípio desta caminhada de artista. Diria que o principal problema reside na semântica ou na catalogação das obras. Muitas pessoas necessitam de criar as suas caixinhas sobre o que é isto ou o que é aquilo. Tento combater a catalogação per se, apesar de saber que existem esses arquétipos. Pois realmente há qualquer coisa na sua génese de diferente. Eu próprio continuo a construir esse diálogo.

A matéria e a forma como a desmaterializas é um ponto importante nas tuas obras. O que trazes, de pessoal e simbólico, para este processo? Como sabes prezo a privacidade e por isso o que trago de pessoal está de uma maneira orgânica encriptado no meu trabalho - é inevitável. Do ponto de vista simbólico, já com menos peso pessoal, sofro também da mesma heterogeneidade que falaste na primeira pergunta. Avalio de perto temas que sempre me foram próximos como: Mitologia, História e História de Arte, Arquitectura, e questões da Física e Filosofia - em particular a linguagem e a ontologia. Tudo isto é um traçado que me acompanha em muitas das exposições que visito nas diferentes geografias. Estes são alguns dos elementos que conscientemente me acompanham…

Por último, em que estás a trabalhar atualmente e o que podemos esperar para breve? Neste momento estou a preparar uma exposição para a Galeria FOCO em Lisboa (Setembro 2024), que vai ser uma re-visitação da exposição Emotional Derbies, realizada anteriormente na PLATO (Dezembro2023). Em Novembro 2024 vou inaugurar uma outra exposição no Espaço Cultural das Mercês, em Lisboa.

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