CAIO MARCOLINI

One of the most critical layers of Caio's work is the comprehensive research of techniques and discourses imported from different disciplines, alongside other significant aspects. We observed the intersection of jewelry, sculpture, and design in a shared environment. A space where the boundaries between these same disciplines have blurred. As a basis, we have a weaving process that he developed himself, a continuous process of thread and weft that, through endless turns, gives shape to his objects. The result definitively materializes in bodies of movements and tensions that seem to obey other rules of weight or gravity.

Caio Marcolini (Rio de Janeiro, 1985) currently lives in Porto. When we visit his studio, we see that research and experimentation are fundamental to his work. During an artistic residency in Loulé, Algarve, he learned coppersmith techniques from master craftsmen and incorporated them into his practice. Tools, techniques, and craftsmanship are essential in his process of designing, producing, and modeling objects.


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Could you describe your research and work process? My research process is in constant motion. At first, I invested a significant amount of time in developing and refining my skills. Today, things are happening more smoothly and naturally. I make my tools as needs arise within each work idea. In daily practice in the studio, a new idea usually comes from new tools or adaptations of existing ones. Research is directly linked to life: nature, biological systems, the microscopic, birth, and death.

Incorporating techniques from various disciplines shapes the materiality of your work. How does this manifest in your art? The work is a mix of techniques. It was through researching different references that my metal weave emerged. For example, the straw baskets developed in Africa and Brazil, the wool crochets my mother had at home, and the knitted pieces made in jewelry.

With jewelry as a background, what is the biggest challenge in transitioning scales from jewelry to large sculpture? This transition was smooth. In fact, the change in scale resulted from a desire to see the work beyond the body and in space. No longer just a personal adornment but incorporating now design concepts such as functionality and ergonomics.

Caio shows a blue hyperbolic object, which he explains is a work and a toy. Can you talk a little more about this piece? This toy was a work developed for a project in Brazil called O Pequeno Colecionador. I was invited by the artist Artur Lescher. In the game 'Caio, não caio', each participant is required to take turns removing a stick. The game's purpose is to be the one who doesn't drop the last ball. Those willing to embark on this journey to relive their childhood memories are the true winners. Those who sit on the floor with friends, children, and nephews and let themselves be carried away by the game. No rush. For this project, I created metal plots and developed a digitally printed plastic structure based on them. Its organic shape presents a high technical level for printing. Many don't know, but the extruding plastic process with a 3D printer is very similar to my work. When I work with metal wire - I operate as the printer. - I work with the wire and build the parts. I create the ideas and put them into practice manually. This way, the toy evokes emotional memories and enables direct dialogue with my work.

How was your recent laboratory experience in Loulé? The residency in Loulé was enriching, where I learned the craft of coppermith directly from a master craftsman. To approach metalworking with a fresh perspective, using manual tools to add a personal touch and maintain artisanal quality. Realizing that the universe of Caldeiraria, Jewelry, and Sculpture touch each other at different times only added to my creative process.

What is the evolution from now on? My main focus, at the moment, is on experimenting with new shapes and pushing myself to execute more challenging pieces. I am also drawing inspiration from my recent experiences to create new works. Additionally, I am looking to participate in new residencies and exchange experiences with other artists to further enrich my work. I am exploring new paths for development in my studio and will have updates to share soon.

PT

O trabalho do Caio tem, para além de várias outros aspectos, uma camada extremamente importante que consiste numa profunda investigação de técnicas e discursos importados de várias disciplinas. Apercebemo-nos da confluência da joalharia, da escultura e do design num espaço comum. Espaço onde as fronteiras entre essas mesmas disciplinas se esbateram. Como base temos um processo de tecelagem que o próprio desenvolveu, um processo contínuo de fio e trama que, através de infindáveis voltas, dá forma aos seus objetos. O resultado materializa-se definitivamente em corpos de movimentos e tensões que parecem obedecer a outras regras de peso ou gravidade. 

Caio Marcolini (Rio de Janeiro, 1985) vive atualmente no Porto. Ao visitarmos o seu atelier, vemos que a pesquisa e experimentação são fundamentais no seu trabalho. Recentemente numa residência artística em Loulé (Algarve), aprendeu técnicas específicas de caldeiraria com mestres artesãos, que procurou depois incorporar na sua prática. As ferramentas, técnicas e manualidade são um ponto-chave para o processo de concepção, produção e de modelação dos seus objetos.


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Como caracterizas o teu processo investigação e de trabalho? Meu processo de investigação está em constante movimento. No início gastei muito tempo para produzir e aprimorar minha técnica e hoje ela já flui de forma mais orgânica. Desenvolvo minhas próprias ferramentas conforme vão surgindo as necessidades dentro de cada ideia de trabalho. Na prática diária no ateliê, na maioria das vezes, uma nova ideia de caminho de desenvolvimento segue de novas ferramentas ou de adaptações das já existentes. A pesquisa está ligada directamente à vida: natureza, sistemas biológicos, ao microscópico, ao nascimento e à morte.  

No teu trabalho temos a incorporação de diferentes técnicas que vêm de várias disciplinas. Como é que isso resulta na materialidade das tuas obras? O trabalho é um mix de técnicas, foi pesquisando diversas referências que minha trama de metal surgiu. Como, por exemplo, as cestas de palhas que eram desenvolvidas na África e Brasil, os crochés de lã que minha mãe tinha em casa, as peças de tricôs que são feitas na joalharia.  

Tendo como background a joalharia, qual o maior desafio na transição de escalas da joalharia para a escultura de maior formato? Essa transição correu de maneira fácil, na verdade a mudança de escala foi fruto de uma ânsia de ver o trabalho crescer e ocupar um lugar fora do corpo e no espaço. Deixando de ser apenas um adorno pessoal e tendo em consideração conceitos do design como funcionalidade e ergonomia.  

O Caio mostra um objeto hiperbólico azul, que explica ser uma obra-brinquedo. Podes falar um bocado mais desta peça?Essa obra-brinquedo foi um trabalho desenvolvido para um projecto no Brasil chamado O Pequeno Colecionador. A convite do artista Artur Lescher. No “Caio, não caio” cada participante é obrigado a retirar uma vareta de forma alternada. Ganha quem não derrubar a última bola. Mas ganha mesmo quem topa fazer essa viagem pela própria infância. Quem senta no chão com amigos, filhos, sobrinhos e se deixa levar pela brincadeira. Sem pressa e com presença. Para esse projecto foi feita uma estrutura impressa em plástico, de maneira digital, tendo em conta as tramas que desenvolvo em metal. Sua forma orgânica apresenta um alto nível técnico para impressão. Muitos não sabem, mas o processo de extrusão de plástico a partir de uma impressora 3D se assemelha muito ao meu trabalho. Quando trabalho com o fio de metal - eu faço o papel da impressora - trabalho o fio de metal e construo as peças, idealizo as ideias e as coloco em prática manualmente. Desta forma criei um brinquedo que traz memória afetiva e diálogo direto com as minhas obras. 

Como foi a experiência recente de laboratório em Loulé? A residência em Loulé foi super interessante e enriquecedora, onde aprendi  directo com um mestre artesão o ofício de Caldeiraria. Pensar em trabalhar o metal de uma outra forma, mas ainda assim, sem fugir do elemento artesanal e com uso de ferramentas manuais que trazem o toque pessoal para a criação de cada peça. Perceber que o universo da Caldeiraria, da Joalharia e da Escultura se tocam em diversos momentos só somou ao meu processo criativo.

Qual a evolução daqui para a frente? Actualmente tenho me dedicado a novos estudos de formas e tentando aumentar o grau de dificuldade de execução das peças. Além de tentar trazer essas experiências dos últimos trabalhos desenvolvidos para novas peças. Outro ponto que eu quero focar agora é na participação de novas residências e trocas de experiências que podem agregar no trabalho. Já há novos caminhos de desenvolvimentos andando no ateliê e em breve terei novidades.

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