PEDRO O NOVO

Pedro O Novo (Beja, 1992) lives and works in Lisbon. He draws inspiration from literature, especially the classics, for his characters and references. His references are worked into the painting in a literal but fanciful way, conveying his aura and immediacy.

In his paintings, there is a constant sense of revivalism and nostalgia for another time, one that he never lived. He is currently studying carpentry and plans to incorporate the discipline's rigor, method, and three-dimensionality into his pictorial universe.


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Your work embodies romanticism, drawing upon references from the past. How would you describe it? I feel like a late Romantic; I live too much in the past. In addition to trying to illustrate thoughts and feelings, I look for authors who are similar to me. I absorb what I consider a "romantic spirit" or an "old soul" through reading. My subjects parallel my references, which are the classics. It is common in certain periods to revive others, which is what I want to happen to me. Sometimes in my paintings, I explore themes related to the 19th century and at other times I delve into medievalism. In fact, I think I'm more of a modernist than a contemporary artist. Or a surrealist, without meaning to. My work has to do with Art History, with a personification of what a painter was like in another era. That's what defines my work and the character I'm romanticizing.

How do you balance your painting with the recent discovery of carpentry, and how would you describe your work process? I once went into an antique frame shop. I asked prices, asked for quotes, and realized that what I wanted was economically inaccessible to me. I needed to learn how to do what I desired to achieve. I ended up finding a school where they teach this. I enrolled in the Carpentry course at Fundação Ricardo Espírito Santos Silva, an Arts and Crafts school. Since then, I have been exploring the universe of decorative arts, artisanal crafts, technical terms, and the creation process of the desired frames. All this learning will enter my imagination, what I want to represent pictorially. Currently, my work process draws heavily on my studies. However, lately, it has been more about the environment in my studio and school and the emotions they evoke in me.

What are the primary factors that shape the narrative structures in your work? Literature, namely the Classics, is the basis. I always wanted to represent recognizable subjects. More serially, it started with Peter Pan, Pinocchio, Don Quixote, and some of the stories from Ovid's Metamorphoses. Disney was one of my first great references. I remember liking the “making of” animated films. During my painting studies, I transformed my models into mythical and fantastical creatures such as nymphs, mermaids, princesses, fauns, and pirates. My references are characters, especially those worked on by other authors, with greater emphasis on those from Romanticism. I prefer being literal yet imaginative, with clear and vivid imagery. It takes me several years to finish an image, as I return to them repeatedly, but they usually never stray from the initial narrative.

How is “Alentejo” present in your practice? I have bucolic desires. I would like to live permanently in Alentejo, to have a life in the countryside, far from reality and current affairs. There is so much landscape in my painting, so many greens and many paths. They are not roads, I am not a naturalist. Although in the summer I paint in the countryside. The rurality in my work adopts a rustic appearance. I have flocks of easels, canvases leaning against the shade of trees, and brushes growing from the ground.

Finally, what are you currently working on? What can we expect soon? I am currently studying Carpentry. I will soon complete two frames and then begin constructing a chair in the D. Maria style. Next year, I plan to design and build a desk. I will continue to practice painting until I finish the course, then I'll focus on mastering three-dimensionality. I have solo and group shows coming soon. I'm currently dedicated to learning the methods, techniques, and rigor involved in this discipline.

PT

Pedro O Novo (Beja, 1992) vive e trabalha em Lisboa. O seu imaginário é povoado de referências e personagens importadas da Literatura, principalmente dos grandes clássicos. As suas referências são trabalhadas na pintura de forma literal mas fantasiosa, transportando daí a sua aura e imediatismo.

Nas suas pinturas são constantes um certo revivalismo e saudosismo de um outro tempo, um que não viveu. Atualmente a estudar marcenaria, pretende articular o rigor, o método e a tridimensionalidade da disciplina com o seu universo pictórico.


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Do teu trabalho emana uma certa ideia de romantismo, de uma confluência de referências de outros tempos. Como definirias o teu trabalho? Sinto-me um Romântico tardio, vivo demasiado o passado. Para além de tentar ilustrar pensamentos e sentimentos, procuro autores que me sejam semelhantes. Absorvo através da leitura o que idealizo ser um “espírito romântico” ou uma “alma velha”. Os meus assuntos entram num paralelismo com as minhas referências, que são os clássicos e os antigos. É comum em certas épocas o revivalismo de outras, que é o que quero que aconteça comigo. Por vezes nas pinturas abordo temas referentes ao século XIX, outras vezes um certo medievalismo. Na verdade, acho que sou mais modernista do que contemporâneo, ou um surrealista sem querer. O meu trabalho tem a ver com a História de Arte, com uma personificação do que foi um pintor noutra época. É isso que define o meu trabalho e a personagem que estou a romancear.

Como caracterizas o teu processo de trabalho, e de que forma concilias com a pintura com a mais recente descoberta da marcenaria? Uma vez entrei numa loja de molduras antigas. Perguntei preços, pedi orçamentos, e percebi que o que eu quero é economicamente inacessível para mim. Então tenho de saber fazer o que eu quero ter. Acabei por encontrar uma escola onde ensinam isso, matriculei-me no curso de Marcenaria da Fundação Ricardo Espírito Santos Silva, uma escola de Artes e Ofícios. Desde então estou a descobrir o universo das Artes Decorativas, dos ofícios artesanais, dos termos técnicos e o modo como foram feitas as molduras que tanto ambiciono. Toda esta aprendizagem entrará no meu imaginário, no que quero representar pictoricamente. Atualmente o processo de trabalho deve muito ao estudo, nos últimos tempos é sobretudo alusivo ao ambiente do meu estúdio e da escola, às imagens que eles me suscitam.

Quais as principais influências para as várias construções de narrativas no teu trabalho? A Literatura, nomeadamente os Clássicos, são a base. Quis sempre representar assuntos reconhecíveis. De forma mais seriada começou pelo Peter Pan, Pinocchio, D. Quixote e alguns dos contos das Metamorfoses de Ovídio. A Disney é das primeiras grandes referencias, recordo-me de gostar muito dos “making of” dos filmes de animação. Enquanto estudei pintura transformei as modelos que tínhamos em ninfas, sereias e princesas, e os modelos em faunos e piratas. As minhas referências são personagens, sobretudo aquelas trabalhadas por outros autores, com maior ênfase nos do Romantismo. Preciso de ser literal mas fantasioso, gosto de ser entendido e que as imagens sejam imediatas. Levo muito tempo até terminar uma imagem, algumas vários anos, volto a elas recorrentemente, mas normalmente nunca se dispersam da narrativa inicial.

De que modo está presente o “Alentejo” na tua prática? Tenho desejos bucólicos. Gostava de viver permanentemente no Alentejo, de ter uma vida no campo, longe da realidade e da atualidade. Há tanta paisagem na minha pintura, tantos verdes e muitos caminhos. Não são estradas, não sou um naturalista, embora no Verão pinte no campo. A ruralidade no meu trabalho, adota uma aparência rústica. Tenho rebanhos de cavaletes, telas encostadas à sombra das árvores e pincéis que crescem do chão.

Por último, em que estás a trabalhar atualmente e o que podemos esperar para breve? Atualmente estou a estudar Marcenaria. Em breve acabo duas molduras, vou começar a fazer uma cadeira ao estilo D.Maria; no próximo ano desenho e construo uma secretária. Até terminar o curso vou mantendo a prática da pintura, depois virá a tridimensionalidade. Para breve tenho exposições, individuais e coletivas. Atualmente estou concentrado a aprender o que é o método, a técnica e o rigor.

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